quarta-feira, 11 de junho de 2008

Jesus e Judas

Acabei de ler o livro O Evangelho de Judas e segue meus comentários:

Quando tinha lido os evangelhos canônicos (os quatro que estão na Bíblia), já tinha notado uma certa importância no ato que Judas fez. Pois a idéia é a seguinte: ele tem papel importante, praticamente essencial nos planos que Jesus possuía; sem essa "traição", os evento seguintes não teriam ocorrido (ou talvez sim) e talvez o cristianismo nem viria a existir, pois a crucificação é um dos seus marcos.
Judas, nos evangelhos canônicos, é meio que descrito como um traidor, alguém que todos confiavam (tanto que ele que levava a bolsa de dinheiro do grupo), e vai e me entrega o seu mestre por um punhado de moedas (estranho não?); e isto até hoje o coloca como um dos grandes vilões da história conhecida.

Mas voltando ao livro: Lendo o Evangelho de Judas (tradução produzida pela National Geographic), mostra que ele é o apóstolo que enxerga Jesus de uma maneira diferente, numa maneira mais elevada, leia-se:
Judas lhe [disse]: "Eu sei quem és e de onde vieste. És do reino imortal de Barbelo. E eu não sou digno de proferir o nome daquele que te enviou".

Nessa passagem mostra que Judas vê uma divindade muito maior que os demais apóstolos, pois Barbelo é uma emanação pai-mãe numa hierarquia muito superior. Vendo desta maneira fica ainda mais improvável a teoria de traição, pois Judas nem tem coragem de nomear quem enviou Jesus.

Outra passagem interessante:
Mas você excederá a todos eles. Pois sacrificará o homem que me reveste.
Aqui nota-se que Jesus já passa a missão a Judas e depois o chama de 13o (como sabemos Judas é substituído por Mathias em Atos.)
Em outras partes do evangelho Jesus conta alguns segredos a Judas, o que caracteriza a sua confiança nele, tanto que lhe passou a missão de indiretamente, matá-lo.

No geral o livro mostra uma forte tendência à Gnose. Fiquei com uma forte impressão que o autor é gnóstico e usa este Evangelho para "puxar a brasa", interpretando as passagens e os segredos para levar o leitor talvez para visão gnóstica do texto. Isso é muito comum nas literaturas existentes, dificilmente encontra-se um texto que apenas descreva um evento, sempre há a interpretação conforme a crença do autor, apesar de ligado à National Geographic.

Fechando: É um texto interessante que veio confirmar suspeita que eu já tinha na época em que li os evangelhos canônicos, será que outro apóstolo teria tido coragem de aceitar essa missão? As vezes quem parece ser seu inimigo, pode ser na verdade o seu maior aliado. Pior, Pedro negou Jesus na hora em que foi questionado (três vezes por sinal). Mas não podemos responder com certeza:
- Judas, Herói ou Traidor?

Até a próxima

p.s.: Não quero criar discussões religiosas em torno deste assunto, esse blog é apenas sobre os meus pensamentos sobre assuntos diversos. Não espante-se com a quantidade de coisas diferentes sobre as quais irei falar (ou bloggar).

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