domingo, 22 de novembro de 2009

As duas tragédias de Oscar Wilde

Olá a todos,

Costumo de vez em quando postar no okut alguma frase que tenha me chamado a atenção, e a última que postei foi de Oscar Wilde que diz o seguinte: Existem apenas duas tragédias no mundo. Uma é não conseguir o que se quer; a outra é conseguir. Hã? Isto parece não faz o menor sentido.

Dias mais tarde comecei a pensar nesta frase e observei que apesar dela parecer pessimista e surreal, observei que ela é um interessante retrato do mundo dos nossos pensamentos. Vamos analisá-la por partes:

Não conseguir o que se quer [ou deseja]. Esta frase é inclusive citada no Budismo como a principal fonte da infelicidade, quando não conseguimos o que desejamos nos tornamos infelizes. Para solucionar este problema, basta que deixemos de desejar e de ter objetivos, mas desta forma o que seríamos? Estátuas? Se nada desejo, se não tenho objetivos, o que sou então?

Mas foi a segunda parte que mais me intrigou: Conseguir o que quer [ou desejas] também é uma tragédia. Será que após conseguir o que desejamos, iremos ficar frustrados e desorientados? O Curinga diz no último filme do Batman, que ele é um cachorro perseguindo carros, e que não saberia o que fazer quando alcança-se um.
Os chineses nos dizem para termos cuidado com o que desejamos, pois podemos conseguir; será que eles quiseram dizer que não iremos conseguir lidar com o que conseguirmos?
A própria conquista do objetivo pode trazer consigo uma decepção. Pois a sensação pode ser bem diferente daquela que idealizávamos. Talvez seja este o motivo de algumas pessoas ficarem tentando bater seus próprios recordes, querem derrotar a elas mesmas(?).

Consegui o que queria, e agora?

Se levarmos a frase de Oscar Wilde como verdade, estaremos presos num paradoxo, pois não podemos nem deixar de ter objetivos e desejos e nem podemos alcançá-los, o que nos leva a seguinte conclusão: mantenha-se buscando, mantenha-se remando, mantenha-se andando; e deixe a vida definir quando é o momento de parar, caso contrário... Mais uma tragédia de Oscar Wilde.

Fui

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Li O Possuído, A Marca, Profanação, O Remanescente, Armagedom e O Glorioso Aparecimento

Olá a todos,

Como podem ver pelo título deste post, li os demais volumes da série Deixados para Trás, logo vou fazer um único review para os capítulos 6 à 12.

Primeiramente vou comentá-lo apenas como obra literária, vamos esquecer a parte religiosa (discutir religião é sempre um campo minado).
A obra como um todo, como eu já havia dito nos reviews anteriores é uma leitura literal e escatológica do livro do apocalipse, e durante os seus diversos capítulos e volumes, nota-se o cuidado para que cada acontecimento relevante na estória tenha a sua fundamentação em alguma passagem bíblica, dando assim uma certa credibilidade com a comunidade evangélica. Ponto pros autores, isto não deve ter sido simples de alcançar.

Interessante que quando comecei a postar sobre a leitura desta coleção, recebi alguns contatos de pessoas querendo saber das minhas convicções religiosas, ouvi inclusive se estava lendo por ser crente ou apenas por curiosidade. Eu leio porque gosto de ler, e gosto do assunto religião. ;-)

Mas voltado, infelizmente a segunda metade dos volumes não conseguiu manter o suspense e a ação iniciada nos primeiros, restringindo-se a apenas um ou no máximo dois evento relevantes por livro, que geralmente ocorrem apenas nos últimos capítulos (me lembrou aqueles seriados americanos, onde no final acontece algo que só irá concluir no início da próxima temporada). Um exemplo foi de uma parte onde um membro coadjuvante do chamado Comando Tribulação (grupo de resistentes contra o Anti-Cristo) é preso, e mais da metade de um livro foi como libertá-lo, que no fim nem foi necessário, pois ele conseguiu escapar sozinho.

Resumindo: Os seis volumes finais poderiam ser tranquilamente apenas 3, muito cansativos.

Algumas situações que me chamaram a atenção:
O anti-cristo é retratado como alguém muito inteligente e com grande poder de oratória e persuasão, mas depois que ele é possuído por Lúcifer, mostra-se uma pessoa infantil e de certa forma até "birrenta", do tipo, eu quero assim e todos tem que gostar que eu faço assim e me adorar porque sou o máximo (sic). Um retrato diferente das diversas representações que vemos no cinema e outros livros.
E o falso profeta? Uma espécie de Papa do Anti-Cristo/Lucifer; cômico e estabanado como um integrante dos três patetas. Não entendi bem o que os autores quiseram demonstrar com isto. Improvável que alguém o levasse realmente à sério.

Outra situação que de certa forma choca um pouco os desavisados, é uma certa crueldade demonstrada por Jesus Cristo em seus julgamentos (afinal, agora o Cordeiro volta como um Leão), principalmente com as pessoas que não o aceitaram, inclusive os "em cima do muro", onde simplesmente abre-se um buraco no chão e são lançados às chamas eternas do lago de fogo; apesar do livro ficar repetindo, que o que aparenta ser crueldade, é na verdade apenas justiça, e os personagens entendem isso. O contrário é também verdade, é bem retratada a maneira amorosa que Jesus trata os seus escolhidos (os que nele creem).

Em pequenas passagens, invisíveis aos olhos de quem não conhece as diversas religiões no mundo, os autores dão pequenas alfinetadas nas demais crenças, as vezes até de maneira deselegante, como na seguinte frase: "ele que foi criado numa religião aberrante", por tratar-se de um oriental, suspeito tratar-se de uma referência ao Xintoísmo. Mas a maioria dos leitores não vão notar esses detalhes que não costumam passar de uma palavra apenas por volume.

Nota: 6 Começou muito bem, mas na segunda metade ficou evidente a tática "encher linguiça", poderia ser bem mais curto.

p.s.: Algumas pessoas com quem tive contato sobre o livro, ficou evidenciado que nenhuma havia lido além do primeiro livro. :-\

p.p.s: Vou ler algumas outras obras e depois voltarei a esta série onde ainda há mais três livros prequel e mais um de sequência.

Novamente gostaria de dizer que o objetivo deste review é apenas ater-se à obra literária, sem questionar ou criticar a doutrina apresentada nem o ponto de vista religioso dos autores. Não é minha intensão ofender qualquer crença ou religião.

Até a próxima.